Quase até ao Céu na minha Harley
Home Page EQM actuales Compartilhe EQM



Descrição da Experiência:

Eu dei-lhe o titulo …. Quase até ao Céu na minha Harley .... Gostava que lhe dessem o mesmo título.... Obrigado.

-Bones

Já ouviram uma história que parece que não é deste mundo? Bem, é exactamente ondeeu estava quando este episódio aconteceu (fora deste mundo). Fui para um local que eu agora chamo o mundo do espirito. Era Janeiro de 1998 – estava a conduzir a minha Harley e fui atropelado por um camião. Fui levado no helicóptero de emergência médica para o hospital em San Diego. Os relatórios médicos dizem que eu tive de ser reanimado três vezes ao longo do caminho. Sofria de cinquenta e seis ossos partidos, um colapso pulmonar, um traumatismo craniano fechado; desloquei o meu maxilar para fora do seu local, parti-o, perdi dentes e lacerei a minha lingua, provocando que quase me afogasse no meu próprio sangue. Fiquei em coma durante a maior parte dos três meses.

Explico o coma desta forma porque foi como aconteceu. Não queria apenas acordar um dia como se tivesse estado a dormir. Depois de algumas semanas estando fora, comecei a ir e a vir. Isto aconteceu durante algum tempo, enquanto os médicos me mantinham num coma induzido por medicamentos. O que estás prestes a ler é exactamente da forma que aconteceu no melhor da minha memória. E eu lembro-me dela muito bem. Nada será acrescentado para a tornar uma história melhor, ou para fazer a minha experiência coincidir com a de outros. Não vi nenhumas luzes brilhantes, túnel, ou ouvi qualquer musica maravilhosa, não havia nuvens,brilhos ou dourados. Mas, novamente, talvez não tenha sido guiado nessa direcção.

Apesar de ser um grande hospital, está aninhado nas traseiras de um bairro residencial, só se passará por ele se se for para lá. O hospital fica num tipo de beco sem saída do bairro. Tenho a certeza que nunca tinha passado ou estado no hospital antes desta experiência. Também estava inconsciente quando me levaram para lá através do helicóptero de emergência médica. Além disso, o heliporto é no telhado e então entra-se na área de trauma pelo telhado. Isto são tudo factos muito importantes na minha história.

O meu quarto 734 era na frente do hospital no sétimo piso. A janela dava para o pátio da frente, de betão, do tipo de entrada principalque estava com uma cobertura a servir de telhado. O tecto bloqueava a a vista da minha janela, para a entrada. O meu corpo não conseguia ir até à janela. De cada vez que parecia que eu ia acordar, ficava a saber de um novo ferimento. Então voltava para o local onde eu desligava – “O pátio da frente”. Eu via-me lá fora como se tivesse um amigo que fosse paciente lá dentro do hospital. Estava à esperapara ver se ele conseguiria safar-se ou não, embora soubesse que esse amigo era eu. Havia um outro tipo lá fora comigo, mas cada um mantinha-se na sua. Na altura, imaginei que ele estivesse no mesmo barco que eu (por assim dizer) e não lhe prestei realmente muita atenção. Fiquei lá fora pelo que pareceu ser pelo menos três dias, mais ou menos. De noite, eu ía para um pequeno corredor externo para lá do relvado, mesmo à direita da entrada da frente. Não sei para onde o outro tipo ía à noite, mas ele estava sempre no pátio durante o dia. Frequentemente eu ia ver pela janela para o meu corpo partido deitado na cama. Era como ver um filme, eu não via o meu corpo ir até à janela, ia apenas através de uma vista zoom até lá acima e focava-o.

Voltando ao pátio, eu revia a minha vida. Pensando em todas as outras ocasiões em que estive perto de morrer ao longo dos anos e em todos os amigos que morreram numa idade muito mais jovem. Eu tinha agora 40 anos e o meu pai morreu aos 32. Eu tinha 8 quando ele morreu. Lembro-me de pensar que tinha tido uma vida muito mais longa do que eles. Recordo-me também de pensar que não tinha 6 filhos e uma mulher dependentes de mim. Na altura, eu era um recém divorciado com uma filha de 7 anos. A minha ex-mulher ganhava muito dinheiro e elas não precisavam mesmo de mim financeiramente. Estava a decidir se queria viver ou morrer. Porque por alguma razão desconhecida eu parecia ter uma escolha.

Por volta do terceiro dia o outro individuo no pátio veio ter comigo cara-a-cara. Ele olhou-me nos olhos e disse-me: “Bem George, o que vais fazer?”. Foi então que percebi que este individuo era Deus, ou alguém do seu departamento. Talvez fosse o meu pai, embora ele não se parecesse com nenhuma das poucas fotografias que eu tinha visto dele. Quase fui, mas o pensamento de deixar a minha filha (que eu adoro) e que ama muito o seu paizinho, impediu-me. Não queria que ela crescesse sem o seu pai, não que eu tivesse alguma palavra a dizer. Mas aparentemente eu tinha. Também soube através deste individuo, que eu recuperaria. Ele não disse nada mais além de “Bem George, o que vais fazer?”, mas eu sabia de alguma forma que iria melhorar. Também sabia que iria demorar muito, muito tempo.

Falámos um com o outro telepáticamente, ou algo desse género. Assim, disse-lhe que queria ficar, também lhe disse que bebia muito e que não queria voltar para esse estilo de vida. Ele nunca me respondeu a essa questão. Foi a última vez que eu veria este individuo, embora tivesse um pressentimento que algum dia o voltaria a ver. Voltei para o meu corpo com uma grande força. A razão pela qual eu digo isto é porqueo meu corpo estava na mesa de cirurgia a ser operado novamente quando, acordei completamente e disse algo. Depois ouvi o médico dizer “Ele não pode sentir nada”.Eu, então prossegui dizendo-lhes que eles estavam a operar a minha perna direita, perto da minha canela, bem profundamente. A sala ficou silenciosa. Lembro-me então, apenas de mim e do médico anestesista, eu implorava-lhe para ele me pôr a dormir. Após o que pareceu ser um longo período, ele fê-lo.

O meu amigo Richard estava a visitar-me uma noite e eu estava a começar a acordar muito nessa altura. O Richard disse-me que ia lá fora fumar, eu próprio tinha sido fumador antes do acidente, assim disse-lhe “Leva-me contigo, não fumo um cigarro há que tempos”. Eu realmente só queria sair daquela cama. Sabia que se alguém me ia ajudar seria o Richard. Ele e o Spivey vinham-me visitar muitas vezes, e se eu fumasse teria de ir lá fora muitas vezes. Então o Richard arranjou uma cadeira de rodas, pegava em mim, punha-me na cadeira e aí íamos nós, descendo pelo elevador e saindo pela porta da frente, sempre em frente cerca de 30 ou 40 pés e então parávamos e travávamos a minha cadeira. O meu maxilar estava partido e os dentes cerrados, mas eu tentava agir como se estivesse a desfrutar do cigarro para assim voltar. Quando acabávamos de fumar e era altura de voltar para dentro, o Richard virava-me de volta para a porta da frente e pátio, onde eu via o local para onde eu saía , e onde o outro individuo estava, até mesmo o corredor externo para onde eu ía à noite. Eu disse: “Filho da P..., aquilo era real”. Só então entendi que as minhas memórias não eram um sonho, e contei ao Richard toda a história. Pouco tempo depois disso, o Richard disse: “Vamos ter de começar a chamar-te “Ossos””. E o Spivey disse “Não tens com que te preocupar, apenas os bons morrem novos”. E eu soube que ia recuperar, e sabia que ia demorar muito, muito tempo.

Para terminar dir-vos-ei que estive dois anos e meio sem uma bebida de todo, agora apenas bebo como um cavalheiro. O que quero dizer com isso, é que há um pack de seis cervejas Budweiser no meu frigorifico que comprei há um mês, e ainda sobram uma ou duas garrafas. A minha filha Krysten está bem e vive com o seu pai metade do tempo. Tive 43 procedimentos cirúrgicos ao longo dos últimos 37 meses. O mais recente foi há seis semanas atrás. Ainda tenho todas as partes do meu corpo excepto alguns dentes que foram substituidos. Sei que isto é apenas uma parte daquele muito, muito longo tempo. Krysten tem agora dez anos e eu estou ansioso para algum dia a levar ao altar no seu casamento.

E como a canção diz: Poderia não ter tido dor, mas teria perdido a dança”

- Bones